Foto: Manu Dias/SECOM
Gabrielli, o professor de economia socialista 10 de maio de 2012 | 10:59

Gabrielli deveria começar ensinando Milton Friedman no “Conversa com o Secretário”

bahia

É possível que o secretário estadual de Planejamento, José Sérgio Gabrielli, seja o preferido da militância petista livre, aquela que não se vincula às principais lideranças do partido mediante salários na máquina estatal, para concorrer à sucessão do governador Jaques Wagner, em 2014.

Para esse contingente, que não se espera pequeno, Gabrielli une o charme de petista orgânico e do intelectual de esquerda à imagem, divulgada profissionalmente pelo PT, de gestor eficiente que comandou uma das maiores empresas públicas do mundo, a Petrobras.

Não são credenciais desprezíveis, como se vê. Não obstante o prestígio do petista, seu sucesso parece pequeno frente à sua própria dimensão no partido, quando se analisam as investidas específicas para se viabilizar como candidato do PT às próximas eleições estaduais.

Como a história testemunhou, não foi pouco suado o esforço empreendido por Gabrielli para assumir a secretaria de Planejamento do governador Jaques Wagner depois que a presidente Dilma Rousseff decidiu afastá-lo da Petrobras, ao que consta, sem cuidado ou aviso prévio.

Teria lhe custado, inclusive, uma amizade antiga com um quadro adorado do petismo baiano, o deputado federal Zezéu Ribeiro, a quem Wagner teve que sumariamente guilhotinar para abrir espaço na administração ao novo colaborador.

Fora uma oportunidade na qual, muitos, no próprio governo, se frustaram no desejo de ver uma verdadeira demonstração de desprendimento de Gabrielli. Agora, no afã de recuperar o tempo perdido ou se igualar aos concorrentes internos de projeto que estão no poder, Gabrielli sai-se com uma nova idéia.

Vai fazer um programa semanal na Rádio Sociedade, cujo anúncio publicitário já está nos jornais de hoje, nos moldes do “Conversa com a Presidente” e do “Conversa com o Governador”, com distribuição assegurada a cerca de 100 emissoras no interior.

A assessoria do secretário diz que a repetição do programa pelas rádios Bahia afora não terá custo para o contribuinte, embora a veiculação na Sociedade tenha. E a oposição já quer acionar Gabrielli no Ministério Público por causa do seu inovador “Conversa com o secretário”.

Não precisa dizer que tanto no partido quanto no governo, onde o ex-presidente da Petrobras possui adversários ao objetivo de chegar ao governo, a iniciativa de Gabrielli foi vista com desconfiança, dada, inclusive, a expectativa de reação pública negativa que já começa a gerar.

Quanto à tese da ausência de custo ao contribuinte para o “Conversa com o secretário”, é intolerável. Afinal, como economista de esquerda, Gabrielli pode até tentar desprezar a célebre frase do papa do liberalismo, Milton Friedman, segundo quem “não existe almoço de graça”.

Achar, no entanto, que a inocência ou a ingenuidade, para não dizer, a ignorância, tomaram conta dos contribuintes-eleitores baianos já é outra atrocidade.

Raul Monteiro
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