24 de março de 2012 | 12:23

EXCLUSIVO: Derrota de João Henrique na Câmara revela que ele prefere apoio jurídico ao político

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Um certo desprezo pela política, o mesmo que o guindou à condição de prefeito de Salvador em plena era do carlismo, que ajudou, com sua vitória, a começar a derrotar, pode explicar a razão de João Henrique (PP) ter evitado perder o sono e gastar lábia política pela aprovação de suas contas pela Câmara Municipal.

João Henrique chegou à Prefeitura depois de alguns bem sucedidos mandatos na Assembleia por meio dos quais se notabilizou por propor ações à Justiça contra o Estado supostamente em defesa da população, prática que começou a exercitar, também com sucesso, quando ainda era vereador de Salvador.

No momento em que suas contas chegaram à Câmara e se aproximou o momento de serem relatadas, o prefeito recebeu acenos, conforme noticiou este Política Livre, para conversas em torno do espinhoso tema por parte do PT e do PMDB, partidos que se uniram para reprová-las esta semana na Comissão de Finanças.

Embora tenha permitido que prepostos abrissem a interlocução com as duas legendas, João Henrique, pessoalmente, não se interessou efetivamente por elas, doidas por receber algum sinal de que a máquina municipal pode, mesmo que veladamente, apoiar seus candidatos à sucessão municipal nesta campanha.

A esta altura, o prefeito já dispunha de um denso parecer do jurista Celso Castro, afirmando que, apesar do risco de as contas serem reprovadas, não é provável que ele possa pagar politicamente pelo pior. Isto é: o prefeito não ficaria inelegível para 2014, porque, segundo a tese de Castro, a rejeição das contas não justifica punição tão radical.

João Henrique pode ter sofrido e se sentido traído com a decisão da Comissão de Finanças da Câmara de rejeitar-lhe as contas, principalmente porque vereadores que votaram contra ele, alguns de partidos aliados mas também de adversários, possuem um verdadeiro harém, em alguns casos, literalmente, de indicações no Legislativo.

Mas o prefeito conta com a segunda etapa da votação na Câmara, aquela que ocorrerá em plenário e será decisiva. E, mais do que isso, com um eventual julgamento jurídico, a partir dos argumentos de Castro, de que não cometeu crime algum na prestação das contas de 2009 e 2010 que possa restringir seus passos políticos em 2014.

Raul Monteiro
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