João Henrique: único político baiano a se submeter ao teste da "pipoca" 26 de fevereiro de 2012 | 11:38

EXCLUSIVO: Porque petistas e o resto querem o fígado de João Henrique

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Sob a repentina mira do PT e de partidos aliados dos petistas como o PSD, que anunciam agora o desejo de confirmar na Câmara Municipal o parecer do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) que rejeitou suas contas relativas aos exercícios financeiros de 2009 e 2010, o prefeito João Henrique (PP) paga o preço de ter passado a exibir uma exuberante autonomia, expressa na hesitação ante o projeto petista de eleger a qualquer custo o deputado federal Nelson Pelegrino à Prefeitura e no desejo antecipadamente manifesto de disputar a sucessão do governador Jaques Wagner (PT), em 2014.

Antes de vocalizar suas pretensões, que pareciam um verdadeiro sonho até o início do ano passado, ele resolveu submeter-se a um teste prático de popularidade: mergulhou de corpo e alma com a nova mulher, Tatiana Paraíso, na pipoca do Carnaval baiano e, segundo assessores, saiu aprovadíssimo. “O que João Henrique fez nenhum político baiano ousou fazer. Enquanto o governador escondeu-se, seu candidato à Prefeitura, Nelson Pelegrino, que em tese não teria rejeição, desapareceu no Carnaval”, diz um assessor do prefeito ao Política Livre, acrescentando que, antes de jogar-se na folia, o prefeito monitorou com cuidado o pulso da rua.

Em outras palavras, João Henrique que, em sete anos à frente da Prefeitura, evitou inúmeras vezes expor-se ao público com medo de vaias, soube levantar tecnicamente, por meio de pesquisas, o humor do soteropolitano durante o ano de 2011 de forma a escolher o melhor momento para buscar uma reconciliação com o eleitorado da capital. Julgando ter obtido sucesso na estratégia, não demorou a anunciar que voltou ao jogo para 2014, o que significa que vai devotar-se ao projeto com a mesma obsessão que o levou a eleger-se prefeito de Salvador numa época em que o carlismo ainda dava as cartas na política baiana.

Não é por acaso que a reprovação de suas contas na Câmara passou da condição de ameaça para a de um objetivo concreto do PT, que se ressente de sua indiferença com relação à candidatura de Nelson Pelegrino. Caso as contas sejam reprovadas pelos vereadores, o prefeito pode ficar inelegível para além de 2014. “Ao que parece, o prefeito tem dois nomes para apoiar nestas eleições: um é o do candidato de seu partido, o desconhecido João Leão. O outro, muito mais palatável, é o do deputado federal ACM Neto (DEM). Mas isso não vai ficar assim, não”, sacode-se um petista, vermelho de raiva frente ao que chama de “excesso” de autonomia do prefeito de Salvador, atribuindo-lhe o adjetivo de “ingrato”.

Aliás, uma pecha que acompanha João Henrique desde o início de sua gestão, dada a capacidade de descartar aliados e adversários com a mesma frieza. O problema é que o termo é usado em via dupla. Para amigos do prefeito, Wagner só é governador hoje e o PT assumiu o poder no Estado por uma concessão feita pelo prefeito lá atrás, em 2006, quando João Henrique disparava nas pesquisas à sucessão de Paulo Souto (DEM) e o governador, patinava. “Naquela eleição, não importa hoje o motivo, João abriu mão para Wagner, que se tornou governador. Será que o PT e ele não reconhecem isso?”, questiona um deles.

Raul Monteiro
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