27 de janeiro de 2012 | 10:26

Tem pedras nos trilhos

bahia

Depois de um tempo enorme para ficar pronta e começar a ser testada a Linha 1 do metrô de Salvador, com seis quilômetros de extensão, as polêmicas e agruras para a implantação da chamada Linha 2 do metrô mal começaram com as muitas divergências entre o governo do Estado e a Prefeitura de Salvador.

Depois de mil peripécias de parte a parte, afinal foi assinado o convênio que põe fim às querelas que, sem solução, não permitiriam o avanço das medidas que deverão ou poderão resultar algum dia – indefinido no futuro, podendo ser antes ou depois da Copa do Mundo de 2014 – na conclusão da ainda não iniciada Linha 2.
Do que passou, ficaram coisas não essenciais pendentes, como é o caso de uma dívida-surpresa de dezenas de milhões de reais que o chefe da Casa Civil da Prefeitura, João Leão, anunciou que o município tem a receber.
Mas intrincadas questões deverão ainda se apresentar.

Na segunda-feira, por exemplo, será protocolada no Ministério Público estadual uma solicitação assinada por moradores de bairros adjacentes à Avenida Paralela. Os articuladores do documento não pretendem reunir milhares de signatários. Menos de duzentos são considerados suficientes.

Querem apenas que o MP examine a possibilidade da “elaboração de estudos técnicos para a real viabilidade do metrô de superfície que será implantado na Avenida Paralela, como também as questões de impacto ambiental, os transtornos que futuramente irá causar ao já caótico tráfego da citada avenida com as referidas obras e, principalmente, mais uma extinção das poucas áreas de lazer e beleza urbana da nossa capital”.

Área de lazer e beleza urbana, aliás, que leva a respeitável assinatura do paisagista Burle Marx, o mesmo de Brasília. A sugestão que o documento faz é a de que se faça um metrô subterrâneo, e não de superfície, sob a alegação de que isso evitaria a maior parte dos transtornos esperados durante a construção deste e os decorrentes de sua operação.

Bem, já se vê que o empreendimento estatal a ser – segundo a já anunciada opinião do governador Jaques Wagner – privatizado depois que ficar pronto vai encontrar oposição de diversos tipos e também poderá provocar polêmicas as mais surpreendentes.

Uma delas já começou e foi revelada ontem pelo site Política Livre. À tarde, enquanto tomava conhecimento do abaixo-assinado (não é uma representação) ao Ministério Público, eu pensara no problema que se colocaria em relação ao Memorial ao deputado Luis Eduardo Magalhães, cujo nome alguns querem tirar do Aeroporto Internacional de Salvador. No começo da noite, vi a matéria publicada no site.

A esse respeito, convém lembrar que no Egito antigo os faraós eram muito ciosos da própria importância – afinal, era cada um deles “deus vivo” –, o que lhes inflava a vaidade.
Então tudo que um faraó construía, ele punha o seu nome ou deixava registrado como seu o crédito da construção. Mas sempre acabava vindo o sucessor e este costumava mandar apagar o nome do antecessor de todas as coisas que importavam e substituir pelo próprio nome.

Bem, voltando ao Memorial a Luis Eduardo Magalhães, monumento público construído com dinheiro particular, o já mencionado site revelou que há um enxame de petistas loucos para que o trator passe por cima e apague a memória do importante ex-presidente da Câmara dos Deputados. Ainda bem que o governador Jaques Wagner, que não só era amigo de Luis Eduardo como tem noções corretas de respeito às pessoas e também é inteligente o suficiente para perceber o impacto social negativo da tese da destruição já pediu que seja encontrada uma alternativa técnica.

Claro que outros problemas virão. Aqui se deu conta apenas de uma amostra

Ivan de Carvalho (Tribuna da Bahia)
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