O bicho vai pegar na Câmara, onde vereadores são ameaçados de cassação com apoio velado do governo do Estado 12 de janeiro de 2012 | 11:03

EXCLUSIVO: Vereadores contra PDDU podem responder na Comissão de Ética com ajuda do Estado

exclusivas

A votação do PDDU da Copa não abriu apenas uma crise no PT, onde o vereador Gilmar Santiago chegou a ameaçar o colega recém-filiado ao partido Alcindo da Anunciação de expulsão. Entre os vereadores, de maneira geral, o clima ficou péssimo, principalmente depois que descobriu-se que, mesmo aqueles que afirmam não terem concordado com a aprovação da matéria, participaram de acordos que os liberavam da votação, fato revelado pelo próprio Alcindo.

Para piorar a situação, a promotora Rita Tourinho, do Ministério Público estadual, ainda excluiu da ação contra a votação do PDDU cinco vereadores sob a alegação de que eles não votaram a favor do projeto, o que, na visão de alguns juristas e dos demais vereadores, é uma ilegalidade. Motivo: apesar de terem se manifestado contra o projeto, eles participaram da sessão e, como tal, criaram as condições para que o processo fosse concluído pelo Legislativo. Em alguns grupos, ela também é acusada de, com isso, ter assumido posição na Casa.

Ontem, o Política Livre teve acesso a informações sobre um encontro reservado na Câmara em que pela primeira vez a maioria discutiu seriamente a possibilidade de entrar com um pedido na Comissão de Ética da Casa, pedindo a cassação dos vereadores que alegam serem contrários ao PDDU e têm dado munição ao MP e à mídia contra a aprovação da matéria pela Câmara. Como deu todo o apoio à votação da matéria, até a articulação política do governador Jaques Wagner (PT) teria sido informada da medida.

E, pelo jeito, não se manifestou contra a iniciativa radical. O processo contra os vereadores se basearia exatamente no fato de que, todos, exatamente todos eles, mesmo os dos partidos de oposição, estavam conscientes da votação e participaram de um acordão, em suas respectivas bancadas, que os liberava para votar como quisessem.

“Temos prova de que houve reuniões nas bancadas onde havia resistências ao projeto e todos concordaram. Agora, se aliam ao MP para atacar a Câmara. Isso não ficar assim. (Os vereadores) terão que responder na Comissão de Ética”, disse um vereador ao Política Livre, lembrando que o petista Henrique Carballal – parlamentar usado pelo governo do Estado para articular reuniões em defesa do PDDU na Câmara – foi um dos que explicitou a situação.

“Carballal foi claro quando declarou que, pelo fato de a maioria na bancada do PT ter sido favorável à aprovação do PDDU da Copa, ela poderia ter fechado questão e exigido que todos votassem favoravelmente, mas preferiu, por uma questão de democracia interna do partido, liberar os colegas contrários para votar como quisessem. Isso prova que houve acordo em todas as bancadas”, concluiu.

Comentários