Foto: Getty Images
Gabrielli perdeu o timing para deixar a Petrobras e chegar triunfante como candidato ao governo baiano 24 de janeiro de 2012 | 06:39

EXCLUSIVO: A triste e lamentável história da saída de Gabrielli da Petrobras

exclusivas

O petista José Sérgio Gabrielli tirou abaixo de zero na primeira prova política verdadeira porque teve que passar nesta década. Malquisto pela presidente Dilma Rousseff na presidência da Petrobras desde sempre, tentou esticar a corda além do prudente para tentar manter-se no cargo e acabou surpreendido pela mídia com a notícia de sua substituição por uma predileta da primeira mandatária do país.

Gabrielli podia ter ficado ainda pior na fita, não fosse a atenção e o auxílio do governador Jaques Wagner. Ao tomar conhecimento, provavelmente por fontes palacianas, de que a permanência de Gabrielli na Petrobras tornara-se insustentável, o governador correu logo pela manhã para as rádios, como sempre faz em situções de emergência, para dizer que convidava o presidente da estatal para assumir um cargo no governo.

Wagner não sabia ainda que posto entregar-lhe, mas a situação era tão urgente que não hesitou em colocar em xeque a posição de dois auxiliares diretos, um dos quais o secretário estadual de Planejamento, Zezéu Ribeiro – cuja situação delicada já havia sido prenunciada por este Política Livre -, ao mencionar a pasta como uma das opções de emprego para Gabrielli.

A essa altura da manhã, o petista já estava sob chuva torrencial, completamente encharcado pelo noticiário de sua substituição, situação que só piorava à medida que insistia, de forma totalmente atabalhoada, em negar a iminente troca de comando da estatal que controlou por quase uma década. Fosse mais hábil politicamente, Gabrielli teria transformado sua saída da Petrobras num retumbante momento para sua carreira política.

Era só negociar a saída – não se concebe que o desejo de Dilma Rousseff de vê-lo pelas costas fosse tão radical que inviabilizasse qualquer acordo neste sentido – e programá-la direitinho de forma a anunciá-la como uma decisão de preparar-se para disputar o governo baiano em 2014. Ainda mais que a história e o projeto são absolutamente verdadeiros e seu anúncio vinha sendo ansiosamente aguardado por seus mais próximos correligionários petistas.

Mas Gabrielli perdeu o timing e inadvertidamente renunciou à primeira das oportunidade que teve para começar a trabalhar seu nome, em grande estilo, à sucessão de Jaques Wagner, posicionando-se melhor que os demais pré-candidatos no PT às próximas eleições estaduais. Agora, por mais que continue contando com a ajuda do governador e de outros amigos para voltar de um jeito triunfante ao Estado que lhe deu régua e compasso, será impossível convencer quem quer que seja de que decidiu e não decidiram por ele.

Um péssimo início para quem almeja chegar ao cargo de governador do Estado.

Raul Monteiro
Comentários