12 de outubro de 2009 | 09:20

Investigações ligam lobista ao caso Rubem Dario e a doação ilegal, diz A Tarde

O que o afastamento do desembargador Rubem Dário tem a ver com a doação da morta em Candeias? Aparentemente nada. No entanto, os dois assuntos se ligam através de um personagem, pivô dos dois casos. William Jorge Monteiro Marques, que confessou ter falsificado a assinatura da mãe falecida num financiamento de campanha a Maria Maia (PMDB), prefeita de Candeias, foi o intermediário e lobista do imbróglio que afastou o magistrado.

William foi quem intermediou o pagamento da suposta dívida da Prefeitura de São Francisco do Conde aoHospital São Rafael, em 2006, refrega quelevou à decisãodo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contraRubem Dário. Ele perdeu o cargo pelo menos até o final das investigações.

Até lá, deixa de ter privilégios como carro oficial, motorista e acesso ao gabinete no TJ.

Na ocasião da fraude, os cofres públicos do município sofreramumrombo de R$ 1,6 milhão, de acordo com o Ministério Público Estadual (MP), o que resultou em mandadosde prisões preventivas, inclusive para o ex-prefeito da cidade, Antonio Pascoal.

Do total desviado, sabe-se apenas o destino de R$ 345 mil: a conta da esposa de William, Hortência Maria da Encarnação Batista. De acordo com depoimento dele ao MP, o valor diz respeito ao pagamento pelo serviço de cobrança da dívida.

A prisão de Pascoal foi decretada por Rubem Dário, mas, tempo depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a decisão e o caso voltou para o desembargador baiano. Foi quando começou a suposta fraude responsável pelo seu afastamento do TJ.

O advogado Nizan Gomes Cunha Neto, filho do desembargador, teria negociado, em nome do pai, o não julgamento do ex-prefeito Pascoal. Ele teria recebido R$ 350 mil pelo serviço para Pascoal não voltar ao banco dos réus. O processo agora está na primeira instância, em São Francisco do Conde, pois o acusado deixou de ser prefeito e perdeu o foro privilegiado.

A maioria dos envolvidos no caso do São Rafael sofreu consequências, entre elas prisão e afastamento das funções. William saiu ileso, mesmo tendo recebido dinheiro desviado. A explicação está no próprio inquérito do MP, peça fundamental na prisão dos envolvidos, na qual William figura como testemunha. Leia mais no jornal A Tarde (para assinantes).

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