25 abril 2024
Mesmo que avance agora no sentido de tentar negociar um acordo com Geddel Vieira Lima com vistas a 2010, o governador Jaques Wagner (PT) poderá ter que conviver ainda durante muito tempo com o fantasma do lançamento de uma eventual candidatura do ministro da Integração Nacional à sua própria sucessão.
Montado numa estratégia que lançou o PMDB numa série de encontros pelo interior destinados a discutir a posição da legenda com relação às próximas eleições, o ministro tem dito a interlocutores próximos que não pode definir nada antes que o último dos 14 eventos programados para os próximos meses aconteça.
Até no campo oposicionista, o cenário, que concorria para se tornar hostil a ele, hoje lhe parece mais favorável. Entre partidos de oposição, a orientação neste momento é evitar a formalização de um nome ao governo a fim de manter uma ponte de entendimento com Geddel e possibilitar sua atração para a chapa.
O maior exemplo da estratégia foi o almoço da última segunda-feira, no Barbacoa, em que DEM e PSDB celebraram um entendimento histórico, possibilitado pela morte do senador ACM, e o virtual candidato do grupo ao governo, o democrata Paulo Souto, adotou postura tão low profile que sequer discursou.
Na realidade, o DEM teria atendido, principalmente, a um apelo do senador César Borges (PR), que pedira prudência na escalada de definições no campo oposicionista, temeroso de que, caso o nome de Souto fosse formalizado, Geddel se sentisse isolado, tornando-se mais suscetível a um acordo com o governador.
Com um pé no governo Lula, através de seu partido, o PR, mas interessado em compor com o grupo, Borges tem defendido uma chapa única das oposições com a participação do ministro. Em tese, seria o melhor palanque para acolher o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, como apostam o DEM e, principalmente, os tucanos baianos.
A idéia de Borges é simples: evitar precipitações e permitir que, pelo trabalho, principalmente visitas ao interior numa espécie de pré-campanha, todos os interessados na disputa de 2010 possam demonstrar sua viabilidade até, pelo menos, o final do ano, quando o nome ao governo seria escolhido.
Embora não satisfaça o ministro, que gostaria de ter a garantia de apoio do grupo ao governo de imediato, trata-se de um cenário visto por setores do DEM e do PR como factível no momento e favorável a um entendimento com ele, cujos correligionários do PMDB passaram, na outra ponta, a pressionar para que se lance de qualquer jeito à sucessão estadual.
Para os peemedebistas entusiastas da tese, Geddel poderia liderar um segundo palanque na Bahia para a candidata de Lula à Presidência, Dilma Roussef, o que também resultaria no seu afastamento definitivo do governador, mas teria a vantagem de lhe assegurar pelo menos a manutenção das atuais posições no governo federal.
Audaciosa, a proposta tem adeptos até no PT nacional. Fato é que, para quem pensou que o ministro havia sido entrincheirado pelo ritmo dos últimos acontecimentos políticos, a realidade local, muito influenciada pela recente postura das forças oposicionistas, mostra que não é bem assim.