18 de junho de 2009 | 11:37

Apesar de não fecharem com Geddel, oposições dão gás para que ele se viabilize como candidato

Mesmo que avance agora no sentido de tentar negociar um acordo com Geddel Vieira Lima com vistas a 2010, o governador Jaques Wagner (PT) poderá ter que conviver ainda durante muito tempo com o fantasma do lançamento de uma eventual candidatura do ministro da Integração Nacional à sua própria sucessão.

Montado numa estratégia que lançou o PMDB numa série de encontros pelo interior destinados a discutir a posição da legenda com relação às próximas eleições, o ministro tem dito a interlocutores próximos que não pode definir nada antes que o último dos 14 eventos programados para os próximos meses aconteça.

Até no campo oposicionista, o cenário, que concorria para se tornar hostil a ele, hoje lhe parece mais favorável. Entre partidos de oposição, a orientação neste momento é evitar a formalização de um nome ao governo a fim de manter uma ponte de entendimento com Geddel e possibilitar sua atração para a chapa.

O maior exemplo da estratégia foi o almoço da última segunda-feira, no Barbacoa, em que DEM e PSDB celebraram um entendimento histórico, possibilitado pela morte do senador ACM, e o virtual candidato do grupo ao governo, o democrata Paulo Souto, adotou postura tão low profile que sequer discursou.

Na realidade, o DEM teria atendido, principalmente, a um apelo do senador César Borges (PR), que pedira prudência na escalada de definições no campo oposicionista, temeroso de que, caso o nome de Souto fosse formalizado, Geddel se sentisse isolado, tornando-se mais suscetível a um acordo com o governador.

Com um pé no governo Lula, através de seu partido, o PR, mas interessado em compor com o grupo, Borges tem defendido uma chapa única das oposições com a participação do ministro. Em tese, seria o melhor palanque para acolher o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, como apostam o DEM e, principalmente, os tucanos baianos.

A idéia de Borges é simples: evitar precipitações e permitir que, pelo trabalho, principalmente visitas ao interior numa espécie de pré-campanha, todos os interessados na disputa de 2010 possam demonstrar sua viabilidade até, pelo menos, o final do ano, quando o nome ao governo seria escolhido.

Embora não satisfaça o ministro, que gostaria de ter a garantia de apoio do grupo ao governo de imediato, trata-se de um cenário visto por setores do DEM e do PR como factível no momento e favorável a um entendimento com ele, cujos correligionários do PMDB passaram, na outra ponta, a pressionar para que se lance de qualquer jeito à sucessão estadual.

Para os peemedebistas entusiastas da tese, Geddel poderia liderar um segundo palanque na Bahia para a candidata de Lula à Presidência, Dilma Roussef, o que também resultaria no seu afastamento definitivo do governador, mas teria a vantagem de lhe assegurar pelo menos a manutenção das atuais posições no governo federal.

Audaciosa, a proposta tem adeptos até no PT nacional. Fato é que, para quem pensou que o ministro havia sido entrincheirado pelo ritmo dos últimos acontecimentos políticos, a realidade local, muito influenciada pela recente postura das forças oposicionistas, mostra que não é bem assim.

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