20 de novembro de 2007 | 11:55

Neutralidade de Wagner facilitou aprovação das contas de Souto

Ao receber uma enxurrada de 40 votos pela aprovação das contas relativas ao último ano de sua gestão (2006), o governador Paulo Souto (DEM) foi beneficiário direto da neutralidade de seu sucessor, Jaques Wagner (PT), cujo discurso, desde a posse, é o de que não se “deve olhar pelo retrovisor”, isto é, não cabe buscar formas de retaliar adversários.

Por este motivo, apesar da decisão de seu partido, o PT, que se associou ao PCdoB no sentido de reprovar as contas de Souto, o líder do governo na Assembléia, o deputado petista Valdenor Pereira, liberou os deputados governistas para votar com “suas consciências”, repetindo o que fazem normalmente lideranças frente a polêmicas consideradas desnecessárias.

“O governador realmente se manteve neutro em todo o processo e, desde o princípio, a bancada do PT entendeu que não cabia criar constrangimentos para ele nem para a base governista, onde pontuam deputados que eram ligados ao governo passado”, disse ao Política Livre um deputado petista.

Ao liberar a bancada, o governo permitiu que aliados tradicionais, como PT e PCdoB, e novos, como PR e PP, mantivessem a coerência de postura ao apreciar as contas de Souto. Mas concedeu também, acessoriamente, ao PMDB, segunda mais importante legenda do consórcio governista depois do PT, a liberdade para mover-se como quisesse, inclusive flertar abertamente com o ex-governador.

Como avalia o mesmo parlamentar do PT, o partido percebeu que não deveria fazer da votação “um cavalo de batalha”, no momento em que os peemedebistas sinalizaram que estavam fechados com a aprovação das contas do ex-governador. “Mesmo considerando que tecnicamente as contas eram passíveis de desaprovação, neste quadro nos restou exercer nossa coerência”, completou.

Antes de liberar a bancada, o líder Valdenor Pereira reuniu os deputados governistas para tomar o pulso da votação. Ouviu da bancada que a “liberação” era o melhor caminho a seguir. No dia de ontem, governistas, neo-governistas e peemedebistas assumiram seus postos para cravar um resultado anunciado há pelo menos uma semana.

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