25 de outubro de 2007 | 21:33

O “carro vermelho” e a bajulação explícita da Ford

Num ato explícito de bajulação política, a Ford pretende marcar a produção de seu milionésimo carro na planta de Camaçari, na Bahia, com a doação de um Ecosport vermelho ao governo baiano, comandado por um petista.

A cor do automóvel é uma “homenagem” ao vermelho que caracteriza o PT. O carro será utilizado pela Secretaria de Segurança Pública não se sabe ainda se em sua “vermelhidão” original, porque todas as viaturas da SSP são brancas.

O PT hoje homenageado pela Ford é o mesmo que escorraçou a companhia do Rio Grande do Sul e a recebeu, na Bahia, com quatro pedras na mão, atiradas por seus principais líderes políticos à época.

A alegação do partido, então, era de que os incentivos fiscais concedidos pelo governo baiano para atrair a montadora eram uma imoralidade. Mas, hoje, as feridas estão fechadas e a Ford e o PT estão apaixonados “mutuamente”.

Também hoje, no Senado, César Borges fez um discurso para destacar o marco da produção da Ford na Bahia. Borges era o governador do Estado na época, um pefelistão adversário do PT que tanto o criticou e ao seu grupo pela iniciativa.

Agora no PR, um partido da base aliada do governo Lula, teve que fazer um pronunciamento ameno para o seu estilo, com referências indiretas e sutis àquele grande momento histórico por todos os motivos. Inclusive, pelo aqui-agora.

Para o senador, a implantação da Ford foi “uma chance histórica que a Bahia soube aproveitar”. É verdade.  Borges soube também fazer justiça ao papel desempenhado por Antonio Carlos Magalhães à época.

Lembrou que ACM liderou no Congresso Nacional a luta política para que então o presidente Fernando Henrique Cardoso, o maldito FHC do PT, criasse as condições legais para que a Ford pudesse vir para a Bahia.

“A luta da Bahia foi grande, porque São Paulo resistiu muito para que houvesse os benefícios fiscais necessários a uma fábrica distante dos grandes centros consumidores”, recordou o senador. Mas só São Paulo?

O senador completou: “Hoje, esta luta é uma luta da qual me orgulho, uma luta pioneira, para que tivéssemos pela primeira vez a indústria automobilística fora do eixo Sul-Sudeste”. Tudo verdade.

Uma única referência aos petistas que lideravam a grita contra o projeto? Sim, ainda que genérica. O senador relembrou que “muitos grupos políticos torceram pelo fracasso da iniciativa, mesmo que significasse prejuízo para os baianos”.

Ah, justiça se faça. Pelo menos.  Melhor fosse que a Ford desenvolvesse um amor pela Bahia e não esta tórrida paixão pelo PT, entregando ao Estado não um Ecosport, mas vários com as cores da bandeira baiana e não do partido.

Seria um exemplo fatal de como uma companhia multinacional e muito bem-sucedida reconhece todos os incentivos de um Estado que a acolheu e, didaticamente, separa institucionalidade de política partidária.

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